As Piores Franquias para Investir em cada Setor
- Raquel Brum Pinheiro

- 24 de out.
- 5 min de leitura
A promessa é sempre a mesma: marca consolidada, modelo testado, suporte completo e rentabilidade garantida, além de, em alguns setores, chegarem a afirmar que têm equipes homologadas para executar serviços. Mas a realidade de muitos franqueados brasileiros é bem diferente.
Em vários segmentos — da estética à alimentação, da moda à energia solar — tenho acompanhado de perto a frustração de empresários que investiram tudo o que tinham em redes que pareciam sólidas, mas esconderam uma série de armadilhas jurídicas e, principalmente, operacionais. E o que chama atenção é que os problemas se repetem por setor, com o mesmo roteiro e até o mesmo tipo de discurso.
A seguir, compartilho uma análise dos setores de franquias que mais geram litígios no Brasil — sem nomes, mas com as histórias reais por trás dos contratos - HISTÓRIAS QUE VOCÊ VAI PODER IDENTIFICAR A MARCA SE VOCÊ ESTIVER RECEBENDO PROPOSTA DELA.
As Piores Franquias para Investir em cada Setor, características para você identificar:
🧴 Beleza, Estética e Bem-Estar: o glamour que esconde a pressão
Esse é, de longe, o setor que mais atrai investidores — especialmente mulheres em busca de independência financeira. O problema é que muitas redes vendem um sonho estético “de sucesso fácil” e escondem o peso operacional que existe por trás: treinamentos falhos, exigências de metas abusivas e suporte técnico quase inexistente, ALÉM DE EXIGIR UMA ADEQUAÇÃO À NORMAS DE SEGURANÇA que muitas vezes dobram o valor do investimento.
Em alguns casos, o franqueado descobre que o próprio modelo prometido — como procedimentos estéticos de alta complexidade — não está regularizado junto aos órgãos competentes, e ainda assim é cobrado para executá-lo, correndo riscos de fiscalizações e multas, além do custo com Responsáveis Técnicos não previstos ou orçados pela franquia.
Outras redes impõem campanhas de marketing compartilhadas sem transparência e forçam franqueados a competir entre si dentro da mesma cidade. O resultado? Investidores exaustos, com dívidas, e marcas desgastadas.
🍔 Alimentação, Cafeterias e Alimentação Saudável: o custo invisível do “negócio da moda”
As franquias de alimentação são sedutoras: cafeterias instagramáveis, sucos “detox”, hamburguerias artesanais e bares descolados. Mas o que o franqueado não vê nas fotos é o custo real de manter a operação — e o quanto o modelo de negócio depende do ponto comercial, do aluguel e do fluxo local, fatores que a franqueadora não assume junto com o investidor.
Há casos em que o franqueado passa meses tentando negociar cláusulas contratuais injustas antes de abrir, justamente porque percebe as falhas do modelo. Em outros, o negócio simplesmente não se sustenta, e o franqueado é cobrado por royalties e taxas de marketing sobre faturamentos que nem existem.
A alimentação saudável e o “café de experiência” são os novos queridinhos do franchising, mas também os que mais têm levado franqueados a buscar renegociações e distrato antes mesmo da inauguração.
👠 Moda e Varejo: o peso do estoque e as cobranças silenciosas
No varejo de moda, especialmente o feminino e de calçados, o franqueado sofre outro tipo de pressão: compras obrigatórias e inadimplência de fornecedores homologados. Em muitos contratos, o franqueado é obrigado a adquirir produtos em volume fixo, mesmo quando a venda não acompanha o estoque. E quando decide encerrar a operação, enfrenta multas altíssimas e exigências de devolução de produtos e materiais de marca, mesmo já tendo quitado boa parte do investimento.
Aqui, o maior erro é acreditar que o contrato de franquia protege o franqueado. Na prática, as cláusulas são quase sempre unilaterais, e as grandes marcas se aproveitam do desequilíbrio para impor penalidades que inviabilizam o encerramento amigável.
🧠 Saúde, Psicologia e Odontologia: o desafio da responsabilidade técnica
Nos segmentos de clínicas odontológicas, psicológicas ou de estética médica, a promessa é sempre de “padronização e qualidade garantida”. Mas há um detalhe que costuma ser ignorado: a atividade de saúde tem regras próprias, e a franqueadora não pode simplesmente impor protocolos que conflitam com a autonomia técnica dos profissionais.
Tenho visto contratos que colocam o franqueado como responsável técnico, mas exigem práticas padronizadas que violam normas do Conselho Federal de Psicologia ou do CFO (Conselho Federal de Odontologia). Ou seja, o franqueado assume o risco jurídico e ético, enquanto a franqueadora mantém a receita.
Outras marcas, em especial no ramos de odontologia, surfaram numa onda (há mais de uma década) em que tais serviços eras escassos para a população, prometerem preços acessíveis e qualidade. Deu certo por um tempo, mas hoje, essas franquias sobrevivem de abusos contra franqueados e levam dezenas à falência por mês.
☀️ Energia Solar e Mobilidade: o novo “Eldorado” das franquias
Nos últimos anos, o setor de energia solar e locação de veículos virou o novo chamariz do franchising. Os anúncios são sempre os mesmos: baixo investimento, alta rentabilidade e retorno rápido. Mas a realidade é outra.
Grande parte dessas redes não entrega os equipamentos, os leads ou o suporte prometido, e muitas sequer têm estrutura técnica para atender o volume de franqueados que vendem. O franqueado acaba sozinho, sem capacitação, arcando com custos de manutenção e com clientes insatisfeitos — o que, juridicamente, configura clara violação contratual e publicidade enganosa. Mas, provar é difícil e caro.
🧱 Construção Civil e Reformas Rápidas: a promessa de lucro em 60 dias
Há também o modelo das “franquias de reforma expressa”, que prometem lucros rápidos e operação simples, já que prometem aos franqueados equipes já treinadas na região para executar o serviço, ou até a triagem de profissionais para trabalhar na unidade.
O discurso é encantador, mas a prática mostra contratos com omissão de informações na COF, ausência de treinamento técnico e franquias que funcionam mais como intermediação de serviços do que modelo de negócio estruturado. No fim, o franqueado descobre que carrega todo o risco operacional sozinho — inclusive o jurídico da garantia junto ao consumidor; os profissionais "selecionados" pela franquia, quando ocorre a seleção, não têm capacitação para o serviço; e as equipes prometidas simplesmente não existem.
⚖️ O ponto em comum entre todos esses setores
Em todos os casos, independentemente do ramo, há um padrão: a franqueadora promete mais do que entrega e transfere todo o risco ao franqueado. A Lei de Franquias (Lei 13.966/2019) exige transparência, mas poucas redes a cumprem de fato. E o que era pra ser um modelo de sucesso replicável vira um campo minado de cláusulas abusivas, cobranças indevidas e desgaste emocional.
E o principal: o marketing é completamente diferente do contrato! E o que vale quando dá problema? O contrato, sempre!
💡 Conclusão - As Piores Franquias para Investir em cada Setor
Franquia não é sinônimo de segurança. É um negócio — e como todo negócio, exige análise, cautela e assessoria jurídica antes de assinar qualquer documento. Antes de investir, pergunte-se:
A marca realmente entrega o que promete?
A marca tem unidade própria operando com o modelo de negócios que vende?
A marca apresenta o demonstrativo financeiro dessa unidade própria que opera o modelo que venda, e apresenta lucro?
Os franqueados atuais e ex-franqueados estão completamente listados, com dados de contato na COF?
Os números são compatíveis com a realidade?
Há estrutura para o suporte prometido?
O que é prometido na propaganda, está escrito e prometido no contrato?
A COF tem o modelo de contrato com as cláusulas em que a franquia se compromete a entregar tudo que prometeu na propaganda?
Se a resposta a qualquer uma dessas perguntas for incerta, o risco é certo. E no franchising, um contrato mal assinado não mata só o negócio — mata o sonho de empreender com segurança, acaba financeira e emocionalmente com o franqueado e com a sua família.
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