Os 5 Principais Erros ao Fazer uma Sociedade

Fazer sociedade é fácil. Difícil é mantê-la viva, saudável e — principalmente — justa.

No entusiasmo de abrir um negócio, muitos empreendedores esquecem que sociedade é como um casamento: começa com amor e planos, mas pode acabar em briga se as regras não estiverem claras desde o início.

Ao longo dos últimos anos, vi de perto inúmeros casos de sociedades desfeitas — algumas por motivos banais, outras por falta de cuidado jurídico. E posso afirmar: a maioria dos problemas poderia ter sido evitada com um pouco mais de atenção antes da assinatura do contrato.

Aqui vão os 5 principais erros que vejo os empresários cometerem ao fazer uma sociedade:

1. Escolher o sócio errado

Parece óbvio, mas não é. Muita gente escolhe o sócio pelo “perfil amigo” — aquele com quem se dá bem, mas que não necessariamente complementa as competências do negócio. Sociedade saudável precisa de equilíbrio: alguém mais técnico, outro mais estratégico; um que sabe vender, outro que organiza.

Sociedade entre pessoas iguais tende a fracassar, porque ninguém questiona o outro e as decisões viram um eco. Diferentes demais, por outro lado, vivem em atrito. O segredo é o alinhamento de valores — e não de personalidades.

2. Não definir funções e responsabilidades

Nada é mais perigoso do que o “cada um faz o que dá”.Desde o início, é fundamental deixar claro quem decide o quê, quem assina contratos, quem cuida do financeiro, quem representa a empresa perante clientes e fornecedores.

Essas funções podem — e devem — constar no contrato social e em um Acordo de Sócios, que é o documento que detalha como a empresa vai funcionar na prática. Sem isso, todo mundo acha que manda… e ninguém manda de fato.

3. Ignorar o Acordo de Sócios

Se existe um documento que evita brigas, é o Acordo de Sócios (art. 1.053 do Código Civil).É nele que se define o que acontece se alguém quiser sair, vender sua parte, faltar capital, ou até se um sócio falecer.

Muitos empresários pulam essa etapa porque “está tudo certo entre nós”, mas quando surgem divergências, é tarde demais .O acordo protege todos — inclusive quem acha que nunca vai precisar.

4. Não pensar em dinheiro (de verdade)

Outro erro clássico: falar de investimento inicial, mas não combinar sobre retirada, pró-labore, lucros, aportes futuros, dívidas e garantias pessoais.

A falta de clareza financeira destrói sociedades. O combinado deve estar no papel: quanto cada um investe, como será feita a retirada e, principalmente, o que acontece se o caixa apertar.

E sim, vale lembrar: a empresa tem CNPJ, mas quem responde por ela são pessoas físicas. Não dá pra brincar com isso.

5. Não ter um plano de saída

Pode parecer pessimista, mas toda sociedade deveria nascer com um plano de saída. Quem pode comprar a parte de quem? Em quanto tempo? Como é feito o valuation da empresa?Sem isso, o rompimento se transforma em guerra, com bloqueios de contas, processos e prejuízos dos dois lados.

O Acordo de Sócios e o Contrato Social podem prever cláusulas de tag along, drag along e direito de preferência, que tornam o fim da sociedade menos doloroso — e muito mais justo.

Conclusão - Os 5 Principais Erros ao Fazer uma Sociedade

Fazer uma sociedade é unir sonhos, mas também é assumir responsabilidades. O erro está em achar que confiança substitui contrato — e não substitui. Negócio bom é aquele em que todos os sócios dormem tranquilos, porque sabem exatamente o que esperar do outro.

Se você está pensando em abrir uma sociedade, busque orientação jurídica antes de assinar qualquer papel. O custo de um bom contrato é sempre menor que o preço de uma briga judicial.

Os 5 Principais Erros ao Fazer uma Sociedade